CEEITE – DCNs e Curricularização das Atividades de Extensão nos cursos de Engenharia

Autor:  Engº Mecânico Ricardo Alan Verdú Ramos

Associado da AREIA

 

Curso de Especialização “Empreendedorismo e Inovação Tecnológica nas Engenharias” (CEEITE), Novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de engenharia, e Curricularização/Creditação das Atividades de Extensão nos cursos de engenharia – Possibilidades de integração de ações com apoio do CREA-SP

O Curso de Especialização “Empreendedorismo e Inovação Tecnológica nas Engenharias” (CEEITE), oferecido através de parceria entre CREA-SP, UNESP e UNIVESP (Convênio Nº 001/2019-UCFP/SUPGES), com interveniência da FUNDUNESP, trata-se de um curso inédito e inovador no país, concebido inicialmente para profissionais registrado no CREA-SP.

O objetivo principal do CEEITE e seu grande ponto positivo é oferecer conhecimentos, técnicas e instrumentos necessários para evolução na carreira profissional, criação de novos negócios, produtos e serviços, ancorados no trinômio pesquisa, ensino e extensão. Além disso, pelo fato de ser um curso cuja metodologia de ensino-aprendizagem é mediada por tecnologias assistidas (online learning), o mesmo proporciona aos alunos facilidades de acompanhamento, além de ter baixo custo.

A estrutura do CEEITE é constituída por módulos, os quais abordam aspectos como: Gestão de projetos, equipes e metas na era da transformação digital; Tecnologias; Inovação Tecnológica; Empreendedorismo; Metodologia Científica e Projeto Integrador; totalizando 360 horas, além do Trabalho de Conclusão de Curso. Cada módulo está sob a responsabilidade de docente institucional da UNESP e/ou UNIVESP, sendo o conteúdo e o material didático produzido por especialistas do mercado e ministrado com a colaboração de tutores (em média 1 para cada 50 alunos).

Foi oferecida uma 1ª edição do CEEITE, em caráter experimental, no período de 02/02/2020 a 31/05/2021, tendo sido formados 965 alunos, tendo a mesma muito bem avaliada pelos, pois logo após o primeiro módulo o CREA-SP contratou uma pesquisa, através da qual foi verificada a satisfação dos alunos (amostragem de 10% dos alunos escolhidos aleatoriamente) com relação ao curso e foi constatado que cerca de 95% dos respondentes estavam altamente satisfeitos com o curso. Por fim, numa avaliação final mais ampla (610 respondentes, correspondendo a quase 60% do total) realizada pela UNESP foram obtidos os seguintes dados: Muito bom (52,2%), Bom (41,8%), Regular (3,8%) e Fraco (0,2%).

Assim, a 1ª edição do CEEITE foi desenvolvida com êxito, mesmo com a necessidade da adequação das atividades administrativas e financeiras, bem como didático-pedagógicas, com relação as planejadas inicialmente, uma vez que foi oferecida em caráter experimental e, portanto, sujeita a alterações. Diante do sucesso alcançado foi proposta a realização da 2ª edição do CEEITE, iniciada em 08/12/2021, a qual conta com mais de 600 alunos.

Conforme dito anteriormente, embora o curso tenha sido inicialmente oferecido apenas para profissionais registrados no CREA-SP, atualmente existem ações em curso para que o mesmo será introduzido em cursos de graduação e pós-graduação nas áreas que formam profissionais com vínculo a esse Conselho (engenheiros, geólogos, geógrafos, meteorologistas e tecnólogos).

Em termos de graduação, essa oportunidade aparece num momento bastante favorável à implementação de mudanças nos currículos tendo em vista as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de engenharia, arquitetura e urbanismo, estabelecidas pela Resolução N° 1 MEC/CNE/CES, de 26 de março de 2021, publicada em 29/03/2021, na Edição 59, Seção 1, Página 85, do Diário Oficial da União.

Essas novas diretrizes se constituem em especial estímulo às políticas institucionais acadêmicas do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara De Educação Superior (CES), tendo sido amplamente debatidas junto aos órgãos de representação profissional, acadêmica e industrial, tais como o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), bem como com especialistas de diversas instituições e representantes governamentais do campo da educação, dentre outros.

As principais alterações constantes nas novas DCNs são as seguintes:

  • Formação por competências: entre as habilidades e competências esperadas estão visão holística, atuação inovadora e empreendedora, além de criatividade na hora de resolver problemas da área;
  • Currículo mais flexível: extinção da obrigatoriedade de conteúdos básicos terem que ocupar 30% da carga horária mínima e conteúdos profissionalizantes 15%, de modo que cada curso possa balancear matérias como melhor entender, dentre os conteúdos básicos, profissionais e específicos;
  • Mais foco na prática: passam a ser obrigatórias as atividades de laboratório tanto para as competências gerais quanto às específicas, minimizando o tempo do aluno, que chega ao mercado mais preparado para extrair o melhor das atividades no ambiente real;
  • Aprendizagem ativa: promoção de uma educação mais centrada no aluno, de modo que a autonomia será uma das formas de aprendizado contínuo;
  • Avaliação formativa: as avaliações devem ter caráter de reforço ao aprendizado, ocorrendo ao longo do período de ensino para que o aluno tenha a oportunidade de crescer com a avaliação.

Outro aspecto importante é Curricularização/Creditação das Atividades de Extensão, estratégia prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) que foi regulamentada pela Resolução Nº 7 MEC/CNE/CES, de 18 de dezembro de 2018, a qual, dentre outras coisas, estabelece que os Cursos de Graduação devem ter as atividades de extensão incluídas no sua estrutura curricular, compondo, no mínimo, 10% do total da carga horária; e que o INEP deve considerar verificar essa obrigatoriedade, para efeitos de autorização e reconhecimento de cursos, bem como a articulação com as atividade de ensino e pesquisa.

Em linhas gerais, os objetivos da curricularização da extensão são os seguintes:

  • Garantir mínimo de 10% (dez por cento) da carga horária de todos os cursos de graduação destinadas às atividades de extensão;
  • Impactar na formação e protagonismo dos estudantes;
  • Proporcionar interação dialógica com a comunidade;
  • Garantir a dimensão indissociável entre extensão, ensino e pesquisa;
  • Evidenciar a extensão como processo e princípio formativo;
  • Potencializar o impacto social e acadêmico dos cursos;
  • Proporcionar aos estudantes formação e atuação transdisciplinar e interprofissional;
  • Garantir a permanência da extensão de forma permanente e articulada.

Por fim, tendo em vista que as atividades de extensão se constituem por processos educativos, culturais, sociais, científicos e tecnológicos que promovem a interação entre as instituições, os segmentos sociais e o mercado de trabalho, com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos, visando o desenvolvimento socioeconômico, ambiental e cultural sustentável, local e regional; que as novas DCNs para os cursos de engenharias contribuem para a formação de profissionais mais preparados para o mercado; e que o Curso CEEITE complementa essa formação com conhecimentos, técnicas e instrumentos necessários para criação de novos negócios, produtos e serviços, a contribuição do CREA-SP para a promoção da integração destes três importantes aspectos e realização de novas ações em benefício da engenharia e da sociedade se faz importante e fundamental neste momento.

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